CULTURA TÁCTICA


"A importância do 4x4x2

O perfil táctico-estrutural dos campeões nacionais dos últimos dez anos. O primado do 4x3x3 e suas variantes. Mas, para ganhar dimensão internacional, só sabendo manejar as estradas do 4x4x2...

Existem sistemas mais próximos da vitória? O perfil táctico dos campeões nacionais nas últimas dez épocas dá primado ao sistema que, no papel, ocupa o terreno de forma mais racional, o 4x3x3.


Vejamos:
98/99: FC Porto, (Fernando Santos, 4x3x3); 99/00: Sporting (Inácio, 4x3x2x1); 200/01 Boavista (Pacheco, 4x3x3); 2001/02: Sporting (Boloni, 4x2x3x1): 2002/03: FC Porto (Mourinho, 4x3x3); 2003/04: FC Porto (Mourinho, 4x4x2); 2004/05: Benfica (Trapatonni, 4x2x3x1); 2005/06, FC Porto (Adriaanse, 3x4x3); 2006/07: FC Porto (Jesualdo, 4x3x3). Em cada equipa, os seus princípios de jogo chaves e os jogadores de referência. Algumas tacticamente mais versáteis do que outras, isto é, com maior elasticidade para alternar (antes ou durante o jogo) em diferentes estruturas. Neste prisma, as vitórias mais «tácticas» da década, sucederam com Boloni no Sporting e Adriaanse no FC Porto. Noutro nível, a transformação dos dois onzes de Mourinho no Porto, de uma época para outra, crescendo na capacidade de manejar os dois sistemas com igual qualidade. O FC Porto de Adriaanse foi um case study, ao jogar toda a segunda volta em 3x4x3 ou 3x3x4, após a primeira volta em 4x3x3, mas já com muitos princípios posteriormente utilizados no sistema de três defesas. No jogo do titulo, porém, em Alvalade, jogou em 4x3x3 com capacidade de, movendo uma peça (Jorginho) jogar em 4x4x2.O Sporting de Boloni jogava (sem losango, mas também com cinco linhas em campo) com João Pinto como falso avançado, caindo nas faixas e movendo-se em torno de Jardel, com passes de morte para golo. Era através desses movimentos, que alternava entre o 4x2x3x1 e o 4x4x2, sempre com um pivot-defensivo muito intenso: Paulo Bento. Ou seja, campeões nos últimos dez anos com capacidade de jogar numa estrutura táctica preferencial de 4x4x2, só o segundo FC Porto de Mourinho (com McCarthy e Derlei na frente). Alternava depois para o 4x3x3 com grande facilidade. Foi esse o segredo do seu sucesso internacional. No resto, o 4x3x3 e suas variantes. Não é por acaso. Seja qual for a variante, o 4x4x2 é sempre muito mais difícil de treinar e jogar do que qualquer 4x3x3. Exige mais mobilidade e cultura táctica aos jogadores para ocupar espaços a defender e atacar, a alargar e a fechar. Não joga assim, no futebol de top, quem quer, mas só quem pode (entenda-se qualidade de jogadores). Nessas alturas, o 4x3x3 é uma casa táctica mais segura onde o onze se pode esconder, sem correr tantos riscos de derrapagens tácticas. Para triunfar internacionalmente é, no entanto, obrigatório saber jogar em 4x4x2. É o controlo do meio-campo que está em causa."
"in Planeta do Futebol"

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